Quando se abre um
empreendimento, a meta é ter retorno, satisfação financeira, mas a Panelinha era
bem mais que lucro, dinheiro no bolso, pagar contas, bem mais que poder ter uma
vida melhor. A Panelinha foi um verdadeiro reencontro da minha família e pude
presenciar isso no dia 03 de setembro de 2011, era um sábado. Parei por uns
minutos e sem que ninguém me percebesse vi que apesar de tudo o que a família
Trindade representa quanto as brigas que já teve, vi a união, vi o riso em
todos os rostos sem exceção, vi afago, ternura, brincadeiras, vi uma família de
verdade, por mais grupinhos que havia ali. Para quem não sabe, a Panelinha era
o restaurante do Tio Orias.
Cheguei bem cedo quando
somente a “Velha Coroca” e o “Mestre Cuca” ali estavam. Aos poucos os parentes foram
chegando, um, dois, em grupo, foram chegando. Uns de tão longe, outros de tão
pertinho, ali na esquina. Uns petiscos aqui, umas bebidas dali, uma imitação
acolá, umas conversas mais ali, as piadas, claro, não podiam faltar! As fofocas
em dia daqueles que há muito não se viam e as mesmas conversas daqueles que
todos os dias estão juntos.
Entre uma cena ou
outra, entre uma chegada e outra, eu ali rindo para todos, de mesa em mesa, de
cadeira em cadeira presenciando o quanto eu amo minha louca família.
E assim aos poucos o
reencontro sem marcação de data, sem intensão alguma foi acontecendo. Simples
assim. Aquela noite foi tão especial, tão cheia de magia, o clima favoreceu,
não chovia, não estava quente, muito pelo contrário: o vento batia em nossos
rostos, em nossos corpos nos animando ainda mais para este reencontro não
programado.
De repente uma visita
inesperada: a chuva. O que pensei que ia separar, uniu. Todos ali juntinhos,
sentindo o calor do outro, sentados tão pertinho. Meu Deus! Que reencontro!
Lindo, maravilhoso! A família ali agora cantando ao som de Elis Regina, ao som
música cabocla, ao som do melhor da MPB saindo como poesia na linda voz de
veludo da minha irmã, a minha Pedrinha, do tio Cairo e no dedilhar do tio Estélio
que com seu inseparável violão também fez seu show a parte, mesmo não sendo da
família, mas ele já é nosso.
E assim as horas iam
passando, a bebida ia acabando, a comida esgotando, mas a chama que aquecia
esse reencontro parecia não ter fim e a cada minuto que passava, a cada música
tocada aumentava mais e mais a vontade de estar junto, em verdadeira união.
O reencontro foi assim,
impensado e gostoso, majestoso e simples. Chiquinha e as meninas, tio Fernando
e sua turma, a Cuca (Socorro), a Pedrinha (Djeany), a Fogosa (Vânia), a
Animadinha (Léia), o Encantado pela bota (Cota) e sua família, Tio Estélio e
sua esposa, o Tio Caramelado (Cairo), Mestre Cuca (Orias), Velha Coroca (Vera),
os Noivos (Eli e Preto), os Gêmeos (Tiago e Felipe), Jean e Lidi, Tio Mazinho e
sua digníssima, o meu Japa (Kato).
Esqueci alguém? Ah! E
eu, a atual Janete, a amiga do sexy appel,
a herdeira de “barracos” na nova geração. A pessoa que viu tudo isso, que se
emocionou com tudo isso, que teve a honra de presenciar tudo isso, um dos
momentos mais mágicos de toda minha vida, bem ali pertinho de mim, ao meu
alcance, na minha frente, no meu lado, atrás, ali.
Repito, em todo
empreendimento a intenção, o almejo é conseguir uma renda a mais. A Panelinha
poderia até render um bom lucro, porque as mãos do Mestre Cuca são ótimas na
cozinha e ele se achou completamente nesse novo ramo, mas ela, a Panelinha, por
algum tempo virou um ponto de encontro, de reencontro da nossa família que há
muitos anos se reunia apenas para velar um corpo frio, em uma sala fria ao som
entristecedor de “segura na mão de Deus e vá”. A Panelinha virou o sinônimo de
afago, de liberdade, de alegria e daquele grito preso que todos, no fundo,
queriam dá: “essa família é muito unida e também muito ouriçada, brigam por
qualquer razão, mas acabam pedindo perdão”. Aquele grito de união!
Obrigada Família Trindade,
obrigada Panelinha por me proporcionar mais essa felicidade! Que muitos
reencontros ainda aconteçam.